ARGENTINA EXPOE EM RIO PRETO
Rogério Castro
Para Diário da Região, San Jose do Rio Preto, São Paulo, Brasil, 26 de febrero de 2006
“Estacoes”, exposição da argentina Susana Marenco, abre a programação de 1998 da galeria A2, de Rio Preto. Mais do que inaugurar o pacote de exposições deste ano, amostra da argentina é o primeiro tijolo para transformar o lugar numa casa de intercambio entre artistas brasileiros e estrangeiros.
Queremos aumentar o trânsito de artistas estrangeiros aqui e, a traves deles, abrir caminho para os nossos artistas lã fora, raciocina Cristina Basitt, dona da galeria. Essa troca é muito benéfica, seja do ponto de vista cultural ou económico, completa.
No que depende do primeiro tijolo, que será assentado hoje, a partir das 20 horas, com a abertura da exposição de Susana Marenco, a casa terá uma base sólida.
Aos 43 anos, Susana, que nasceu e sempre morou em Buenos Aires, chegou ao ponto perseguido por todo artista: o de não precisar, embora ela o faca, assinar suas obras.
Nas 24 telas e seis desenhos que compõem Estacoes a unidade conceitual e plástica é firme e salta aos olhos do observador, que identifica, quadro a quadro, a mesma pincelada.
Susana criou seu estilo no qual sobressaem cores forte e vibrantes, pinceladas rápidas e disformes, os corpos nus opacos e acentizados, que mesmo assim exalam sensualidade. Eles estão sem roupa, porque eu os quero fora do tempo, sem a cara de uma determinada época; a nudez os torna universais e atemporais, diz, sobre a constante presença dos nus.
Nus que se sobrepõem sobre outra presença frequente em Estacões: o colorido do xadrez das mantas de lá. Tão importantes, que aparecem até nos títulos de algumas obras como “A Manta” ou então em “Recuerdos sobre la manta”. Um tema que apareceu por acaso e que, na maior parte dos casos, está dissociado das sensações que a tela estimula, uma espécie de preludio, de ponto de partida do qual eu me distancio, explica.
Apesar disso, o acaso e o automatismo, não tem muito espaço na trajetória de Susana, “A maior preocupação que eu tenho e a de ser coerente comigo mesma e a pintura é um espelho da minha existência”, diz.
A artista revela que o ser humano que aparece em suas telas e desenhos demostra seus sentimentos. Um ser humano que ama, que sofre, que gosta da vida, das cores, da luz e da sombra, “assim como eu me vejo”, ressalta.
Em Estacões, Susana também expõe telas com elementos que fazem parte de seu dia-a-dia como o ateliê em que ela trabalha, pincéis, bisnaga e até mesmo um auto-retrato.